"E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.
Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro).
O revólver da gaveta
saltou para a mão.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era novo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.
Da garrafa estilhaçada,
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora."
(Trechos de "Morte do leiteiro",
de Carlos Drummond de Andrade)
resmunga e torna a dormir.
Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro).
O revólver da gaveta
saltou para a mão.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era novo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.
Da garrafa estilhaçada,
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora."
(Trechos de "Morte do leiteiro",
de Carlos Drummond de Andrade)
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